Apesar do Comitê Olímpico Brasileiro ter prorrogado até o próximo dia 31 de maio a confirmação dos Estados que vão disputar as Olimpíadas Escolares de 2008, vários secretários de esporte, inclusive o de Santa Catarina, Gilmar Knaesel, seguem firmes na decisão de ficar fora da disputa se tiverem que custear 100% das despesas de transporte de suas delegações.
Há pelo menos três anos os representantes estaduais vêm discutindo com o COB e o Ministério do Esporte algumas mudanças no projeto de custeio e de regulamentação para os jogos de 12 a 14 anos e principalmente nos de 15 a 17 anos. Os estados são os responsáveis por realizar etapas de classificação para definir as escolas que vão representá-los na etapa nacional. Assim, são feitas competições municipais, regionais e ainda e etapa Estadual, custeada pelos respectivos estados. Sendo assim, os secretários estaduais acreditam que a fase Nacional pode ser viabilizada pelo COB, que assumiu o evento.
A formatação do Projeto das Olimpíadas Escolares foi criada em parceria com o Ministério do Esporte e as Organizações Globo para dois ciclos olímpicos (2005 a 2012), e o Comitê Olímpico Brasileiro ficou com a parte do planejamento das ações. Em 2005, o COB traçou um quadro de como seriam cobertas as despesas com transportes interestaduais das delegações, através de um saldo da Lei Agnelo/Piva. Os valores seriam regressivos sendo que no primeiro ano, o COB arcaria com 100% dos custos de todos os estados, no ano seguinte com 50%, em 2007, com 25%, até chegar em 2008, quando todas as despesas correriam por conta dos estados. Os estados pedem a revisão do acordo desde 2005. Segundo a diretora de esportes da Fesporte, Lílian de Fátima Pinto, que representou o secretário de Estado de Turismo, Cultura e Esporte, Gilmar Knaesel, em alguns encontros, Santa Catarina segue a decisão tomada durante a última reunião do Fórum Nacional dos Secretários e Gestores Estaduais de Esporte e Lazer, realizada em abril, em Florianópolis. Na ocasião, o presidente do Fórum, Ricardo Gomide (PR) reforçou as dificuldades dos estados e pediu uma contra-proposta do COB. No último dia 14, os secretários foram ao Rio de Janeiro na expectativa de uma reconsideração do Comitê Olímpico. O encontro foi tenso e mostrou um desacordo entre as partes, já que o COB está irredutível em rever o projeto, e os estados, por sua vez, estão firmes na decisão de não disputar a competição se tiverem de arcar com todas as despesas de transporte.
"Não se trata de boicote dos estados, mas sim da completa inviabilidade de cada um bancar estes valores. No nosso caso, por exemplo, gastaríamos cerca de 460 mil para levar nossas delegações às Olimpíadas Escolares em Poços de Caldas (de 12 a 14 anos) e aos de João Pessoa (de 16 a 18 anos)", explicou a professora Lílian, dizendo que SC, assim como os demais estados, já pagam para fazer a etapa Estadual.
Além dos catarinenses, representantes do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Amazonas, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Pará, Espírito Santo e Alagoas estão fora da competição.
Os dirigentes do COB disseram que não há possibilidades de mudanças para 2008 e que vão fazer convites diretamente às escolas. O presidente em exercício do COB, André Gustavo Richer enviou correspondência dizendo: "Reafirmamos que nos solidarizamos com as dificuldades apresentadas por alguns estados em viabilizar esse item, e que inclusive, esse foi um dos fatores que motivaram a aplicação do referido plano progressivo de três anos (2005/2006/2007), para que todos pudessem adequar seus orçamentos com suficiente antecedência", dizia o comunicado.
Já os secretários aguardam tal solidariedade com um aceno no sentido de mudanças, sob pena das Olimpíadas Escolares ficarem sem representação.
Cláudia Sanz
Assessoria de Comunicação da Fesporte