Duas obras clássicas, Les Noces, de Bronislava Nijinska, e Serenade, de George Balanchine, compõem, nesta segunda-feira (20), a partir das 20 horas, a Noite de Gala da 27º Festival de Dança de Joinville. Quem apresenta as obras, considerada pelo presidente do Instituto Festival de Dança, Ely Diniz da Silva Filho, como uma das mais importantes do Festival é a São Paulo Companhia de Dança. “A Noite de Gala é o grande momento do Festival onde o público da dança já está efetivamente em Joinville”, destaca Ely Diniz. Outro atrativo para a Noite de Gala, segundo Ely Diniz, é a curiosidade do público sobre as peças e o trabalho da São Paulo Companhia de Dança. “Estamos recebendo uma companhia jovem que vai apresentar duas obras que 99% dos bailarinos que dançam clássico nunca assistiram”, ressaltou. “Para o Festival de Dança isso é uma grande satisfação”, avalia. Ele enaltece inclusive a questão didática das apresentações para os jovens bailarinos. “São duas peças representativas”, completa.
A expectativa da conselheira do Festival de Dança de Joinville, Eliana Caminada, não é diferente. “Estou fascinada com a possibilidade de trazer estas duas obras-primas para Joinville”. “Nijinska foi pioneira com Les Noches e Balanchine é atemporal com Serenade. Foi a escolha perfeita”, avalia. Na opinião de Caminada, as peças são ainda mais importantes a partir do momento em que são repertórios desconhecidos de muitos estudantes de balé. Iracity Cardoso, diretora artística da São Paulo Companhia de Dança, explica que em Le Noces, de Bronislava Nijinska, o conjunto é a grande estrela. No palco acontece um casamento tradicional de camponeses russos, quando as famílias do noivo e da noiva acertavam a aliança matrimonial dos filhos. Uma escolha que incomodava as mulheres na época. Le Noces foi a primeira obra da dança cênica apresentada pela visão feminina. “É uma obra que estava à frente de seu tempo, em pleno século 20”, conta a diretora. Na avaliação dela, a peça é difícil, sobretudo musicalmente. “Chega a assustar os bailarinos no começo por ser muito precisa”. Já em Serenade, George Balanchine colocou em cena exercícios que procuravam esclarecer aos jovens bailarinos a distinção entre o bailado em sala de aula e a dança no palco. Iracity conta que Balanchine adaptou a peça ao que ele tinha de material humano na época, “por isso, inicialmente se tem muitas bailarinas e apenas um ou dois bailarinos”. As improvisações de Balanchine trazem ao palco bailarinas que caem e chegam atrasadas aos ensaios, cenas freqüentes durante ensaios. “A história das companhias de dança aparece na coreografia”, avalia a diretora artística da São Paulo Companhia de Dança.
A importância do conjunto no balé Iracity Cardoso avalia que em companhias jovens como a São Paulo Companhia de Dança o conjunto deve sobrepor-se ao individual. “Para nós as duas apresentações em Joinville servem para o grupo desenvolver sua identidade”, explica Iracity, que complementar frisando que “temos (no Brasil) muitos talentos, mas, faltam grandes companhias com repertórios diversificados, por isso, vemos tantos bailarinos indo para a exterior”.
Mais espaço para dança Para Inês Bogéa, diretora artística adjunta da Companhia o objetivo das apresentações é tornar a dança cênica acessível ao grande público, por meio de apresentações, programas educativos e de formação de platéias. “Temos a missão de pensar a dança em outras áreas, pois a memória da dança no Brasil ainda é muito frágil”. Ela sugere as discussões sobre o tema como uma oportunidade para “ampliar o espaço da dança no Brasil”.
Assessoria de imprensa do evento