O livro “Memórias das Fortalezas – Ilha de Santa Catarina”, assinado por Armando Luiz Gonzaga e pelo jornalista Celso Martins sintetiza mais de 40 anos de apego à causa das fortificações e do sistema de defesa criado por José da Silva Paes na primeira metade do século 18. A obra doi lançada nesta terça-feira, 15, no hall do Espaço Lindolf Bell do Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis. Parte da tiragem, de dois mil exemplares, tem incentivo do Governo do Estado, por meio do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) em 2014. A outra parte, com capa dura, foi viabilizada pela Lei Rouanet.
Com a morte de Armando Gonzaga em 22 de abril de 2016, quando a obra já estava na fase de revisão final, o projeto da lei federal parou temporariamente e foi assumido pela Rede Marketing Cultural – RMC, na condição de nova proponente junto ao Ministério da Cultura. A Rede executa a coordenação geral do projeto desde 2012, mas assumiu também como proponente a partir da morte de Gonzaga. O projeto também conta com o patrocínio da Clemar Engenharia, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Engie.
Além do grande número de documentos reunidos por Armando Gonzaga em quatro décadas, o livro faz uso de depoimentos de pessoas que trabalharam com ele na recuperação das fortalezas, como os arquitetos Luís Saia, Cyro Corrêa Lyra, José de La Pastina Filho e Dalmo Vieira Filho. Muitas fotos publicadas na obra são inéditas, porque faziam parte de acervos particulares, sobretudo o do próprio Gonzaga. Algumas delas mostram estudantes de arquitetura do Paraná que vieram com os professores e usaram facões e foices na limpeza das fortalezas, abandonadas e tomadas pela vegetação até os anos 70.
O livro ressalta a participação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do historiador Oswaldo Rodrigues Cabral, dos ex-reitores da UFSC Caspar Erich Stemmer e Rodolfo Pinto da Luz, entre outras instituições e personalidades, no processo de recuperação e restauração das fortalezas – que Armando Gonzaga via também como elementos de atração turística para Florianópolis e região.
O Forte que resistiu
A obra ressalta a luta de Gonzaga, empresário da área da construção civil, na defesa do patrimônio numa época em que essas edificações eram consideradas ruínas sem qualquer utilidade. Ele mobilizou a imprensa, órgãos de governo, secretários de Estado e líderes empresariais para apoiarem os projetos de recuperação das fortalezas. No caso do forte Santa Bárbara, no aterro da baía Sul, por exemplo, conseguiu impedir que a construção de uma avenida implicasse na derrubada do prédio, que fora sede da Capitania dos Portos em Santa Catarina.
“Todo esse patrimônio, incluindo os fortes da entrada norte da Ilha, havia sido tombado em 1937 pelo Iphan, mas a restauração veio somente nos anos 80”, afirma o jornalista Celso Martins. Sobre Armando Gonzaga, disse: “Era um sujeito de hábitos finos, amante da doa boa leitura, da boa música, dos bons filmes, das boas peças de teatro, e um apaixonado pela herança cultural e arquitetônica da Ilha”.